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Sobre Movimentos

A IMPORT NCIA DA ORAÇÃO

A IMPORT NCIA DA ORAÇÃO

Extraído com permissão do livro altamente recomendado

The Kingdom Unleashed: How Jesus’ 1st-Century Kingdom Values Are Transforming Thousands of Cultures and Awakening His Church by Jerry Trousdale & Glenn Sunshine. 

(Kindle Locations 761-838, from Chapter 3 “Praying Small Prayers to an Almighty God”)

Oração foi… central na vida de Jesus e na vida dos crentes da igreja primitiva. Em monastérios, a vida estava estruturada em torno de orações regulares. O monasticismo tem, em geral, uma reputação negativa entre os evangélicos, mas é relevante notar que todas grandes reformas na Igreja, incluindo a Reforma, começaram em monastérios. 

Também podemos dizer, de maneira inequívoca, que todo movimento do Espírito foi precedido de longas e intensas orações. A questão, então, é porque cristãos no Hemisfério Norte dedicam tão pouco tempo e atenção à oração? A resposta é encontrada numa alteração significativa na cultura, que teve lugar entre os séculos XVIII e XIV. 

 

Do Deísmo ao Materialismo

No começo do século XVII, pensadores na Europa estavam tornando-se cada vez mais racionalistas. Alguns começaram a se mover em direção ao deísmo, a ideia de que Deus criou o universo e então deu um passo para trás e deixou as coisas caminharem por si sós, sem interferir mais nelas. Isso era feito com uma noção equivocada de proteger a glória de Deus; se Deus intervém no mundo, raciocinavam, isso sugere que Ele não o fez direito na primeira vez. Os deístas, então, não tinham espaço para revelação, para milagres, para a Encarnação – ou para oração. 

O deísmo é uma visão de mundo fundamentalmente instável. Sugere que Deus atua somente como o Criador do universo, não como seu Sustentador. Portanto, fica muito fácil excluir Deus completamente do sistema se você puder encontrar uma explicação para o universo que não exija um Criador. No começo do século XIX, o estabelecimento científico começou a argumentar que o universo era eterno e, portanto, Deus era desnecessário. Eles, então, se tornaram materialistas, isso é, argumentavam que as únicas coisas que existiam eram matéria e energia. Dadas essas suposições, um materialista deve concluir que todos os eventos físicos têm puramente causas físicas, e a observação empírica e a ciência são as únicas coisas que qualificam algo como verdadeiro conhecimento. 

Os cristãos nunca adotaram um ponto de vista materialista, por razões óbvias, ainda que elementos do materialismo tenham moldado tanto a mentalidade cultural no Hemisfério Norte que moldaram, de facto, a visão de mundo da Igreja. Quando combinado com o fato/ distinção de valor, que discutimos no último capítulo, o materialismo tem tido um efeito devastador sobre a oração e sobre a confiança no Espírito Santo sobre a vida da Igreja. Reconhecemos (pelo menos em teoria) que Deus pode agir no mundo físico – mas tendemos a não esperar que Ele o faça. Quando oramos por doença, por exemplo, tendemos a assumir que Deus irá trabalhar através da mente e das habilidades do médico ou através de remédios ou através do processo normal de cura do corpo, ou mesmo com milagres, e então oramos dessa forma. Tendemos a não fazer orações específicas por intervenção divina no mundo físico. Por quê? Porque temos errado em nossa prática, relegando Deus principalmente ao reino dos valores – coisas intangíveis – em vez de dar a Ele o senhorio sobre o mundo dos fatos que podem ser medidos e estudados pela ciência. 

 

O Problema da Riqueza

A riqueza do Hemisfério Norte também tem tido um impacto negativo na oração porque inconscientemente cremos que não precisamos confiar em oração para a maioria das coisas em nossas vidas cotidianas. O Hemisfério Norte é tão rico que a maioria de nós não tem que se preocupar em como atender nossas necessidades básicas. As coisas que pensamos que precisamos seriam mais bem descritas como coisas que queremos, e nossos problemas são na maioria “problemas de primeiro mundo” e nossas “orações” se parecem mais com desejos egoístas. As Escrituras nos alertam com frequência sobre os perigos da riqueza, incluindo presumir o futuro (Lucas 12: 16-21) e esquecer-se do Senhor (Deuteronômio 8:17-18) porque assumimos que chegamos onde estamos por causa de nosso próprio poder e habilidades. As instruções de Jesus para orar por nosso pão de cada dia parecem irrelevantes quando temos uma geladeira cheia de comida.

Essa abundância de recursos também seduz a igreja a distanciar-se da confiança em oração. Considere como as decisões são tipicamente tomadas nas igrejas: há uma curta oração seguida por uma longa discussão sobre os assuntos; uma proposta é feita e votada; e uma breve oração é feita para pedir a Deus que abençoe a decisão que foi tomada. Estaríamos muitissimamente melhor se dedicássemos mais do nosso tempo, se não a maior parte dele, buscando a sabedoria de Deus através da oração em vez de confiarmos em nossas próprias ideias. No entanto, estamos tão acostumados a tomar nossas próprias decisões e a confiar em nossos próprios recursos que parece natural fazer isso também na igreja. Pagamos consultores de marketing, mídia e administração para nos dizer como fazer crescer a igreja, como realizar campanhas de administração, como levantar dinheiro para um fundo de construção – são exemplos de confiar em nossos próprios recursos e não em oração e no Espírito Santo. 

A verdade simples é esta: os métodos seculares nunca produzirão resultados espirituais. Não há consultores nos lugares onde a Igreja está crescendo mais rapidamente. Esses irmãos e irmãs têm que depender da oração e da obediência às instruções dadas nas Escrituras para a difusão do Evangelho. 

 

Questões de estilo de vida e de mentalidade 

Outra barreira à oração é o estilo de vida: estamos simplesmente muito ocupados. As igrejas são construídas em torno de programas que nos mantêm fazendo coisas, e individualmente temos tanta coisa acontecendo que não temos tempo para orar. Ou assim pensamos. Martinho Lutero disse que estava tão ocupado que não podia fazer tudo sem levar pelo menos duas horas por dia para orar. Ele sabia de algo que nós temos esquecido.

Nossa maneira de nos ocuparmos está ligada a um preconceito cultural de agir para fazer as coisas acontecerem. Nossa cultura adora slogans e aforismos como “Deus ajuda aqueles que se ajudam” ou “se vai ser, depende de mim”. Sabemos em nossas mentes que estas noções não vêm das Escrituras, mas muitas vezes nossas ações não se alinham com esse pensamento. Nosso ideal cultural é ser forte, independente e autossuficiente. No entanto, a Bíblia nos diz que somos fortes quando somos fracos, que somos dependentes de Deus e uns dos outros, que não podemos fazer nada além de Jesus. As igrejas realizam aulas e seminários sobre evangelismo pessoal, encorajam as pessoas a convidarem seus amigos para a igreja, mas raramente realizam reuniões de oração focalizadas na formação de discípulos e no crescimento do Reino. No entanto, Jesus disse aos discípulos para não tentar espalhar o Evangelho sem esperar primeiro pelo Espírito Santo, e cada grande esforço nos Evangelhos e em Atos é precedido por uma oração profunda e intensa. Em outras palavras, se quisermos fazer avançar a Igreja, a ação crítica que devemos tomar é a oração. 

Outra barreira ainda é a falta de disciplina mental. Nossa cultura acelerada e a disponibilidade constante da internet, muitas vezes em nossos bolsos, afetaram tanto nossas mentes que nossa capacidade de atenção diminuiu de 12 segundos em 2000 para 8,25 segundos em 2015 – e a capacidade média de atenção de um peixe-dourado é de nove segundos! É claro que podemos nos concentrar mais em coisas que realmente cativam nossa atenção, mas infelizmente, parece que a oração não é uma delas. Assim, é difícil para nós administrar qualquer coisa além de orações curtas – ao contrário de nossos irmãos e irmãs no Hemisfério Sul que, muitas vezes, passam toda a noite em oração. 

Outra área onde nos falta disciplina é na prática do jejum. O jejum está intimamente associado à oração, biblicamente, historicamente e atualmente no Hemisfério Sul, mas é raro encontrar cristãos no Hemisfério Norte que jejuem. A distinção de fato/valor discutida no capítulo dois está novamente em ação aqui; não entendemos o que o jejum deve realizar, pois não vemos uma conexão estreita entre corpo e espírito. E em uma cultura consumista como a nossa, a abnegação parece estranha, alarmante e insalubre para todos. Se nós acreditássemos na oração, oraríamos mais. 

Parte da razão para isso é, mais uma vez, a distinção entre fato/valor, juntamente com a mentalidade materialista. O mundo físico do fato é separado e distinto do mundo do espírito, de acordo com esta falsa visão de mundo, e, consequentemente, fica difícil vermos como a oração pode produzir mudanças no reino físico. Sabemos intelectualmente que Deus pode fazer as coisas acontecerem no mundo físico, mas não esperamos que Ele o faça. 

Psicologicamente, também temos que lidar com o problema da oração sem resposta (ou, mais precisamente, a oração que Deus responde com um “não” ou com um “espere”). As pessoas temem fazer orações específicas porque, muitas vezes, Deus não nos concedeu o que pedimos. Damos cobertura a nós mesmos nestas situações, garantindo que oramos “se for de sua vontade”, mas não acreditamos ou confiamos que Deus nos dará o que pedimos. Nossas orações parecem ineficazes, o que reforça a distinção fato/valor em nossas mentes e nos faz menos inclinados a orar, preferindo, ao invés disso, agir.

O efeito de tudo isso é que, mesmo em nossos programas de discipulado, temos a tendência de desconsiderar a oração. Oferecemos aulas regulares sobre a Bíblia e treinamos pessoas para liderar estudos bíblicos em pequenos grupos, mas a maioria das igrejas tem pouco ou nenhum ensinamento sobre como orar. Quando oramos, nossas orações tendem a ser tão vagas que não podemos realmente dizer com certeza se Deus, de fato, as respondeu, ou se as coisas teriam funcionado da mesma maneira, mesmo sem a oração ou intervenção divina. Muitas vezes esta imprecisão é colocada na linguagem espiritual – abençoe assim e assim – sem nenhuma ideia concreta de como seria a bênção. 

A oração é a força vital dos movimentos. A Igreja no Hemisfério Norte não confia em oração, e se o comportamento é alguma indicação, também não acredita nela. Se quisermos ver movimentos no Hemisfério Norte [ou em qualquer outro lugar], precisaremos ver um novo e contínuo compromisso de oração séria, intensa e persistente para que Deus abra o céu, levante discípulos e plantadores de igrejas, nos direcione ao Seu povo de paz, e venha com poder sobre nosso trabalho.

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