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Um Modelo de Dois Trilhos para as Igrejas Existentes Alcançarem os Não Alcançados – Parte 1

Um Modelo de Dois Trilhos para as Igrejas Existentes Alcançarem os Não Alcançados – Parte 1

– Por Trevor Larsen & um Grupo Frutífero de Irmãos 

Nosso país é muito diversificado. Muitas áreas não têm crentes em Cristo. No entanto, em algumas regiões foram estabelecidas igrejas. Algumas dessas igrejas têm potencial para alcançar muçulmanos. No entanto, a maioria das igrejas, em grande parte (90 a 99%) estabelecidas em áreas muçulmanas, não têm acrescentado muçulmanos como crentes por anos. Elas, com frequência, temem uma reação se alguém vier a crer. Em muitas áreas de maioria muçulmana, as igrejas se agarram às tradições culturais cristãs. Não se conectam com os povos não alcançados em suas comunidades. As práticas culturais da igreja visível (“acima do solo”), e as reações a ela, tornam difícil a conexão com os muçulmanos. A cultura das igrejas acima do solo (“primeiro trilho”) difere muito da cultura ao seu redor. Isto aumenta os obstáculos sociais para os muçulmanos com fome espiritual. Propomos um modelo diferente: uma igreja de “segundo trilho”. Esta igreja subterrânea sai da mesma “estação”, mas se reúne em pequenos grupos e não é facilmente percebida pela comunidade. Pode uma igreja tradicional em uma área majoritariamente muçulmana iniciar uma igreja de “segundo trilho” (subterrânea)? Eles podem discipular muçulmanos em pequenos grupos, protegendo ao mesmo tempo o ministério de “primeiro trilho” da igreja? 

Muitos Projetos-Piloto Testando um Modelo de “Dois Trilhos” 

Em áreas nominalmente muçulmanas do país, a maioria do crescimento da igreja denominacional desacelerou ou retrocedeu nos últimos dez anos. Nesses mesmos dez anos, um modelo subterrâneo de multiplicação de pequenos grupos cresceu rapidamente entre povos não alcançados. 

Algumas igrejas nos pedem para treiná-las na multiplicação de pequenos grupos para alcançar muçulmanos, mas elas querem manter sua igreja existente, a de “primeiro trilho”. Temos pilotado um modelo de “Dois Trilhos” em vinte tipos diversos de igrejas em diferentes regiões. Quatro desses projetos-piloto finalizaram um período de quatro anos de projeto-piloto. Este capítulo apresenta a primeira de quatro experiências com o modelo “Dois Trilhos””. Outras informações e os outros três experimentos podem ser encontrados no livro Foco no Fruto! Veja a nota final para detalhes.

Estudo de Caso: Nossa Primeira Igreja de Dois Trilhos

Zaul completou um projeto-piloto de quatro anos de “Dois Trilhos” em uma área de 90% de muçulmanos. Esta área possui muitos muçulmanos nominais e também muitos fundamentalistas. Zaul explica o que eles aprenderam com este primeiro modelo de “Dois Trilhos”.

  1. Seleção Cuidadosa da Igreja e dos Aprendizes 

Um bom modelo requer seleção. Queríamos começar com igrejas com chances de sucesso, então escolhemos cuidadosamente. Escolhi a Igreja A para um projeto-piloto porque o idoso pastor expressou grande interesse em fazer a ponte entre o ministério e os muçulmanos. A Igreja A é parte de uma denominação da Europa, mas incluiu alguns traços da cultura local. Eles usam a língua local para o culto, embora sejam muito parecidos com as igrejas na Europa. Cinquenta e um anos após seu início, esta igreja tinha 25 famílias frequentando regularmente. 

Eu tinha conhecido o pastor da Igreja A há muitos anos. Tivemos muitos grupos pequenos se multiplicando na área ao redor de sua igreja, começando pelos obreiros de nossa equipe missionária local. O pastor gostava dos frutos de nosso ministério, e queria aprender conosco como alcançar os muçulmanos. 

  1. Memorando de Entendimento

Como este pastor demonstrou interesse, começamos a discutir os termos de nossa parceria. Escrevemos o que tínhamos acordado em um Memorando de Entendimento. Senti que uma carta de acordo diminuiria os mal-entendidos e tornaria mais provável o sucesso. Assim, assinamos um Memorando de Entendimento entre nossa equipe missionária e o pastor da igreja, descrevendo os papéis das duas partes na parceria. 

Primeiro, a igreja concordou em fornecer dez aprendizes dispostos a serem “enviados” para ministrar aos muçulmanos da comunidade.  Discutimos os critérios que eles deveriam usar ao selecionar os aprendizes para que tivessem mais chances de sucesso no ministério com os muçulmanos. A igreja prometeu um local de treinamento, orçamento para alimentação e o apoio total do pastor. O pastor também convidou alguns outros pastores de área para o treinamento.

Em segundo lugar, a igreja concordou que a direção de campo seria feita por nossa equipe. O papel do pastor com os aprendizes se limitava a uma supervisão ampla. Ele concordou em não interferir nas decisões da nossa equipe missionária sobre o ministério de campo. Também concordou que os padrões de ministério da igreja existente não precisavam ser seguidos por seus aprendizes em seu ministério com os muçulmanos. Concordaram que o foco do modelo do “segundo trilho” seria nos muçulmanos não crentes fora da igreja atual. O trilho subterrâneo da igreja seria livre para operar com padrões de contexto. 

A igreja concordou que qualquer fruto entre os muçulmanos que viesse desta parceria seria mantido separado, em pequenos grupos, como uma igreja “segundo trilho”. Os novos crentes não seriam misturados com os da igreja acima do solo. Isto era para proteger os novos crentes de serem ocidentalizados, bem como para protegê-los de uma reação contra a igreja por parte de fundamentalistas.

Em terceiro lugar, nós, a equipe missionária, concordamos em fornecer treinamento por um período de um ano. Prometemos dar treinamento e orientação aos que atuam no ministério. Concordei em ser o facilitador do treinamento. Fornecemos o orçamento para os materiais de treinamento. Também concordamos em fornecer orientação por um período de quatro anos para os aprendizes mais ativos.  

Em quarto lugar, nós, a equipe missionária, concordamos em fornecer um percentual dos fundos para que o trilho subterrâneo da igreja realizasse ministérios de desenvolvimento comunitário durante o primeiro ano. Integramos nosso trabalho de desenvolvimento comunitário com nosso modelo de multiplicação de pequenos grupos de crentes. A igreja concordou em bancar qualquer despesa de subsistência ou de viagem dos obreiros de campo, assim como um percentual do orçamento de desenvolvimento comunitário. 

Em quinto lugar, seria feito um relatório a cada três meses. Isto incluiria finanças, frutos ministeriais e desenvolvimento do caráter dos aprendizes. 

Minha amizade de longa data com o pastor permitiu que esta parceria fosse iniciada e se fortalecesse. Os dois trilhos foram projetados para produzir duas igrejas separadas, que teriam aparência muito diferentes, mas com uma liderança comum. A igreja concordou que os aprendizes me forneceriam dados sobre seus frutos como facilitadores, e que eles não interfeririam. Como facilitador, concordei em fornecer um resumo dos dados sobre os frutos aos líderes da igreja. Eles, por sua vez, concordaram que não divulgariam os dados à igreja nem os relatariam em sua comunidade.

Na Parte 2 deste artigo compartilharemos os frutos que Deus trouxe em quatro anos de aplicação do modelo de dois trilhos, juntamente com os obstáculos que enfrentamos e nossa visão para o futuro.

Trevor Larsen é professor, coach e pesquisador. Sente alegria em encontrar agentes apostólicos que Deus escolheu e os ajuda a maximizarem seus frutos por meio do compartilhamento de práticas frutíferas em grupos de irmãos-líderes. Mantém parceria com agentes apostólicos asiáticos há 20 anos, resultando em múltiplos movimentos em Povos Não Alcançados.

Extraído e condensado do livro Foco no Fruto! Estudos de Caso de Movimento & Práticas Frutíferas. Disponível para compra em www.focusonfruit.org.

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